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Cotas?




por Christian Palmer



E ai galera, o que vocês acharam da votação do STF a respeito das cotas nas Universidades Federais do Brasil? A princípio, eu pensava que seria correto a implementação de um sistema de cotas favorável única e exclusivamente a pessoas com um nível econômico baixo, que tenha condições sociais precárias e estudam em escolas públicas. A universidade onde estudo tem um sistema de cota parecido com esse que eu idealizava. Contudo, estudo numa sala com aproximadamente umas 40 pessoas, destas, se minha mente não estiver falha, conto que apenas 6 pessoas são negras, o que representa, se minha matemática não tiver errada, 15% dos estudantes, e a realidade nas outras turmas não difere muito da minha. Ora, se população brasileira tem quase 50% de negros, como explicar que apenas 15% desses tenham acesso a um ensino superior? Uma coisa é certa, este sistema de cotas baseados no "status" socioeconômico não funciona como deveria funcionar. Então, acredito que uma das formas de pagarmos nossa dívida social para com a população negra é sim o sistema de cotas baseados na "cor".

Ai vem todas aquelas questões que envolvem assumir esse tipo de medida. Assim como, os argumentos dos que são contra esta medida: "mas a constituição prevê que todos somos iguais, independente da cor, credo e etc"; "Aceitar esta medida seria um racismo ao avesso, seria pressupor a incapacidade dos negros";"as universidades ganham descrédito referente ao ensino por aceitarem cotista". Acho que essas são as mais comuns. Vamos lá:

Primeiro:  é verdade que a constituição prevê que todos devam ser tratado como iguais, mas isso não significa que tratar todos de forma igual seja a maneira correta de se estabelecer um parâmetro isonômico, vejamos um exemplo prático, imaginemos que o governo decrete um aumento salarial de 10%, teoricamente isso é bem correto e justo, certo? Porém na prática isso é bem injusto, vamos supor a pessoa A tem um salário de 2 mil reais e a pessoa B tem um salário de 600 reais, com o aumento a pessoa A ganhará 2200 reais e a pessoa B ganhará 660. Ou seja, na prática a pessoa que tem o salário maior e, teoricamente, em termos de igualdade, precisava de um aumento menor foi a que teve o aumento maior, pois passará a ganhar 200 reais a mais, enquanto que a pessoa B terá um acréscimo salarial de apenas 60 reais. E então, tratar os diferentes de forma igual é a forma correta? Simplesmente não. Então, "tratar de maneira diferenciada um grupo que teve menos oportunidades – e, portanto, que está em situação de desvantagem – é uma tentativa de diminuir essas desigualdades, restituindo direitos há muito negados."

Segundo: essa medida não pressupõe inferioridade dos negros. Ora, nosso país tem seus 512 anos, desde a sua gênese todos os "homens-brancos" se aproveitaram do trabalho escravo dos negros e índios para edificarem suas escolas, colherem suas canas para poderem ter dinheiro, para estudarem e ter o seu sustento, ou seja, são 512 anos que os "brancos" brasileiros têm consciência e incetivos voltados para o estudo e outras coisas. Segundo uma amiga historiadora, é possível que os primeiros negros tenham chegado aqui no fim do séc. XVI e, sabendo que, a lei áurea foi assinada só em 1888, temos em torno de 300 anos de escravidão, opressão e a negação do direito do saber - do conhecimento aos negros, dentre outras coisas. Se a gente subtrai 512 -300 = 212, trocando em miúdos, os negros só têm 212 anos de direito ao conhecimento, um atraso de 300 anos em relação aos brancos. Isso se a gente supor que houve políticas de afirmação para esses negros após a abolição, o que sabemos que NÃO houve. Simplificando, os "homens-brancos" chegaram onde estão com a "ajuda" dos negros e agora quando os negros pedem uma mãozinha(entendam cotas) eles lhe negam.

Terceiro: o vestibular é apenas a etapa inicial no ciclo acadêmico e, convenhamos, a forma como somos avaliados no vestibular é para lá de ultrapassado. Enfim, dentro da universidade o aluno cotista não vai ter nenhum tipo de privilégio, nenhum professor vai dá um ponto a mais por um aluno ter entrado  no sistema de cotas - fato. Dentro da universidade só aqueles que tiveram merecimento receberão o seu diploma de concluinte. Deixem-me mostrar uns dados aqui:  em levantamento feito em 2004, na Uerj 49% dos alunos e alunas ingressantes pelo sistema de cotas teriam passado de ano sem nenhuma dependência, contra 47% dos alunos e alunas escolhidos pelo sistema vestibular universal. A evasão entre alunas e alunos negros, no primeiro ano, foi de 5%; entre os(as) demais, de 9%. Na Uneb, a evasão entre alunas e alunos negros também foi menor: 1,9% contra 2,7%. Viram só, o fato de decair o nível é mito.

E, por fim, sem mais delongas, apesar de ser a favor do sistema de cotas para negros e índios, e até para estudantes de escolas públicas, não o vejo como sistema vitalício, pelo contrário, acredito que este sistema deva ser implantado de forma a amenizar o desequilíbrio que há entre brancos e negros universitários, mas, só deva se  manter  até o governo investir no ensino de base (fundamental e médio) para que seja erradicado de vez o racismo que paira, denigre e desestimula o negro de se achar capaz de chegar em patamar mais "elevado" socioeconomicamente falando.

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Recado dado!


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Mundo Moderno





Retrato da realidade, leiam:







Mundo Moderno


"Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio -- maior maldade mundial.

Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matumbo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha. Margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia, mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.

Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente. Modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas.

Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, mercedes, motorista, mãos... Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meiágua, menos, marquise.

Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda."



Silvio Amarante

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Tolerância Zero













um desabafo por Christian Palmer


Antes de tudo, não quero falar sobre aborto, pois já o fiz nesse blog, caso queiram ler ou reler clique aqui!








Realmente eu não consigo entender e/ou compreender, o motivo pelo qual as pessoas, algumas delas, são tão intolerantes. O que tem demais aceitar e respeitar que outras pessoas tenham um conjunto de moralidade, de filosofia de vida, do que é ter vida diferente do seu. Acho extremamente revoltante quando me deparo com pessoas ou manifestações de grupos que querem impor sua filosofia, seus conceitos dogmáticos aos outros. Falo isso me referindo aos manifestos de, especificamente, duas instituições religiosas durante a votação do STF a respeito da legalização de aborto de fetos anencéfalos. Os manifestantes alegavam que isso era contra a vida, que segundo os dogmas deles, o deus deles repudiava tal atitude tsc tsc. Pergunto-me se eles entendem que a lei não obriga a mulher a abortar, ela aborta se quiser, ou seja, uma mulher que siga esses preceitos dogmáticos pode perfeitamente continuar com a sua gestação, trocando em miúdos, a lei não interfere na vida das pessoas dessa religião ai. Mas acho que eles entendem sim, contudo eles não se contentam só com isso, eles querem que os outros sejam obrigados a seguir os ensinamentos deles. Ridículo, altamente ridículo.

Não me entra na cabeça o fato da galera ir protestar contra os casais terem o direito de não querer continuar com a gestação de um feto sem cérebro, minha nossa. Até entendo que pessoas achem que seja possível se ter vida, por horas que seja, sem o cérebro, tudo bem, entretanto não são todos que pensam assim, tolerância zero, onde já se viu. Meu caso, por exemplo, eu acredito que só há vida, se há consciência e é impossível se ter consciência sem um cérebro, ou seja, minha concepção de vida é que a vida só é vida se o indivíduo pensar ou se ele tiver a capacidade de pensar sobre a vida, caso contrário não é vida, essa é minha opinião.  Todavia eu sou super capaz de conviver com pessoas que têm um entendimento diferente do meu, desde que elas não queiram me impor nada, isso se chama respeito ou civilidade. E onde será que anda o respeito e civilidade desse que protestaram?

Sinceramente, essas engajadíssimas pessoas que foram protestar contra a decisão favorável do STF a respeito do aborto de anencéfalos, deveriam protestar contra algo que realmente valha à pena, por exemplo, as merdas de suas próprias instituições religiosas. Acho absurdo, sobre qualquer aspecto, que uma pessoa queira se meter na vida alheia, mas já que se submetem a isso deveriam ao menos limpar os próprios umbigos. Lembrei-me daquele deplorável caso, o qual a santíssima igreja católica excomungou uma mulher por ela abortar um feto fruto de um estupro, não só a mulher, os médicos que fizeram o procedimento também. Pessoalmente, para mim, seria motivo de orgulho ser excomungado, eu  criaria um diploma, enquadraria e o poria na parede de meu quarto, provavelmente, ele me traria mais orgulho que o meu futuro diploma de graduado. Contudo, um dos médicos e a mulher eram católicos e entendo que para eles essa decisão foi um tanto estarrecedora, agora me perguntem o que a igreja fez com o estuprador, vão perguntem... Fez nada, um dia quando ele tiver morrendo vai se dizer arrependido dos seus atos, e pronto. O mesmo acontece com esses padres pedófilos, o Vaticano os mudam de paróquia e pronto, nada mais. Para não dizer que eles não fazem nada mesmo, uma vez o Vaticano decretou que um padre pedófilo deveria levar uma vida de oração como punição, lindo isso, né?

Outra coisa, não é de hoje que nós sabemos, ou deveríamos saber, que quando a religião se mete com a política a coisa desanda, na verdade a política por si só, só ela, já desanda sozinha, mas quando a merda da religião se mete a porra fica feia ao extremo. É só a gente voltar um pouco no tempo para relembrar, se bem que eu acho que ninguém esqueceu as atrocidades cometidas nas Cruzadas, ou a Caça as Bruxas, ou quem sabe a ridícula Santa Inquisição, para não citar outros casos. Milhares e milhares de pessoas morreram e ainda, estupidamente, morrem em nome de um ser intitulado deus. Atrevo-me a dizer que de todas as merdas que nós homem inventamos a religião foi e é a que mais mata pessoas. É nessas horas que eu me pergunto onde estão os valores morais e supremos desse deus a respeito da vida e blá blá blá. Hoje em dia, separada, teoricamente, da política ainda conseguimos ver várias e várias atrocidades dessas instituições: extorsão, pedofilia, ataques suicidas a prédios. Isso sem falar na hipocrisia, ou vocês não acham hipocrisia que um senhor que dizem ser representante de Jesus (aquele que, dizem, pregou a pobreza, que pregou o desapego a bens materiais, que andou sem proteção entre os pobres) sente-se em trono de OURO, e que vai ao meio dos pobres em um carro blindado (não sei se por nojo, ou por medo da morte, qualquer que seja o caso beira ao ridículo); ou ainda que outros se valham da fé para "roubar" dinheiro dos fiéis e ficar milionário. Hipocrisia ou charlatanismo? escolham. Enquanto isso, gente morre de fome e vive na miséria, eu acharia super digno se esses senhores vendessem seus tronos e hectares de terras  e comprassem comida para essas pessoas, mas não, o certo mesmo é vender água santa de um fonte de um riacho de Jerusalém, para que você coloque em cima da televisão durante o culto tsc tsc.


Vocês já pararam para pensar que quando damos parecer favorável, por exemplo, ao deus da religião rastafári estamos desfavorece o deus do candomblé? Ou seja, o único jeito de não desfavorecer muitos em detrimentos de outros é a laicidade. Ou vocês são tão intolerantemente mentecaptos para aceitar que no Brasil, no mundo, existem milhares tipos de religiões e pessoas que seguem cada uma delas e ainda há aquelas que não seguem quaisquer delas. Temos que achar um meio para aceitar e respeitar cada uma delas, não impor uma a outra.Poxa vida, vivemos num Estado laico, só para quem não entende direito, laico não significa que o estado é ateu, significa que o Estado não se posiciona ou não deve deixar se posicionar favorável a essa ou aquela religião, tem que se manter neutro.  E tem que ser assim, pois esse é a única maneira que há para não favorecer essa ou aquela entidade dogmática. Eu só acho uma pena que a laicidade do Brasil ainda esteja só na constituição. 


E, por fim, como todos já devem saber, o STF deu parecer favorável a descriminalização de aborto em caso de anencefalia. Ultrajante isso, não!? Só falta eles quererem legalizar o casamento gay agora; ou fazerem as instituições religiosas pagarem impostos; ou quem sabe descriminalizar o aborto geral; ou, sei lá, quererem agir como um verdadeiro estado laico. Totalmente inconcebíveis essas ideias, onde vamos parar. Isso é um atentado a civilidade, a moral a tudo tsc tsc. E, para quem não entendeu, esse último parágrafo foi um sarcasmo!



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David Bowie


por Christian Palmer




Hoje eu vou falar sobre o David Bowie, especificamente um álbum dele, The rise and fall of Ziggy Stardust and the spiders from Mars. Esse álbum é tão extremamente foda que ele deveria ser chamado, não de álbum, mas sim de livro e suas músicas deveriam ser chamadas de capítulos.  Bem, é que o álbum todo é um enredo de uma história fictícia, ou não! Mais ou menos assim, o mundo vai acabar dentro de míseros 5 anos, galera toda em pânico com a essa notícia, mas tudo bem o homem do espaço se dispôs a nos ajudar, Ziggy. E como ele vai nos ajudar? Com rock'n'roll, tudo ótimo, todos adorando suas músicas, sua presença de palco, os solos de guitarras e tudo mais, o que não poderíamos imaginar (poderíamos sim) é que ao invés dele ter nos livrado do mal, que era a iminente destruição mundial, fomos nós que o destruímos. Sim, o destruímos, pois o nosso salvador, o Ziggy, acabou se entregando aos vícios do mundo - drogas e afins. E a história do Ziggy na terra acaba com o seu fim, seu suicídio. Vale dizer que a cada show da turnê desse disco o Bowie interpretava a história como um verdadeiro ator. Então, é um álbum que deve ser chamado de Livro(ou roteiro), com umas músicas que devem ser chamadas de capítulos e um cantor que dever ser visto como um ator. FODA, dizer mais o quê?

Mas e ai, que tipo de pessoas somos, o Ziggy veio nos salvar e nós em troca o destruímos? Somos mesmo uma escória por tratar assim pessoas que querem nos ajudar, certo? Bem, não vejo assim, acredito, que o Bowie queria dizer que somos auto-suficientes, não precisamos que outras pessoas nos diga o que temos que fazer, ou como devemos proceder, mas essa é minha opinião. Dentro dessa ótica, gosto de pensar que fomos nós que ajudamos o Ziggy, o ajudamos a perceber que ele não deve sair ajudando a quem não precisa ser ajudado. Sim, não precisamos de ajuda para fim, o fim é a única certeza que temos, todo dia o mundo acaba para alguém e o negócio não é nos livrar do fim, é estar preparado pra ele, e o Ziggy não estava, pelo menos não até conviver conosco. Definitivamente, esse álbum tá no meu top 3, mas isso é só questão de opinião!

E, para terminar, vos deixo com a música/capítulo que mais gosto nesse álbum/roteiro/livro,  desse cantor/ator/gênio/David Bowie.











Ziggy played guitar

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