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Mostrando postagens de maio, 2025

Balsa 171: O Naufrágio dos Esfarrapados

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  Balsa 171: O Naufrágio dos Esfarrapados (Ou: "Quando a Única Coisa que Afundou Foi a Esperança") Título original: Pau de Arara – O Titanic do Pobre Num verão tão quente que até o mar suava, a famigerada Balsa 171 zarpou do Porto de Maceió, abarrotada não só de gente, mas de sonhos remendados, contas vencidas e uma esperança que já embarcara afogada. Com pelo menos duzentas almas além do que a embarcação comportava — e nenhuma delas com passagem de volta — o destino da travessia era incerto. Ninguém sabia ao certo onde chegariam, talvez nem o próprio “capitão”, que parecia mais preocupado em encontrar o celular que deixara cair no porão do que em conduzir a balsa. O que deveria ser uma travessia de 40 minutos virou uma epopeia tragicômica. O motor, cansado de tentar, entregou os pontos com dignidade nenhuma. A água começou a entrar lentamente, mas — como manda o roteiro — só do lado dos pobres. Do outro, onde teoricamente estariam os privilegiados, havia apenas sacolas de fe...

Performance no Sarau (Ou: Como Dei Um Tiro no Pé e Ganhei Uma Bolsa de Artes)

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Performance no Sarau (Ou: Como Dei Um Tiro no Pé e Ganhei Uma Bolsa de Artes) vomitado por Christian Palmer O sarau estava uma bosta. Poetas recitavam versos sobre "o vazio da alma pós-moderna" enquanto tomavam chá de camomila. Um cara de coque samurai declamava odes ao amor líquido, e o público batia palmas como se estivesse em um culto. Foi então que ele entrou.  Pernas trêmulas, barba por fazer, espingarda a tiracolo, e um sorriso de quem já tinha enfiado a língua na boca do diabo. — Deixem dessa merda. Querem poesia de verdade? — gritou apontando a espingarda para o pé — Então tomem — atirou!   PAF! O poeta do coque samurai engasgou no chá. — Mas que diab— Sangue jorrou no palco de madeira. Ninguém aplaudiu. Ninguém fugiu. Todos só olhavam, envergonhados de ainda estarem vivos. — ISSO, — ele gritou, mancando em círculos — É ARTE CONTEMPORÂNEA, SEUS MERDAS! PLATEIA EXTASIADA!!!!! Uma hipster de óculos redondos começou a filmar no iPhone: — Isso é um comentário visceral...

A Arquivista Indesejada

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  A Arquivista Indesejada vomitado por christian palmer Era uma vez um grupo de zap chamado "Arquivistas Anônimos" — que, na realidade, não tinha nada a ver com arquivologia. Era só um bando de amigos que, por algum capricho do destino, tinham diplomas em arquivologia e nenhuma vontade de falar sobre isso. O grupo era sagrado: memes duvidosos, fofoca alheia, áudios de três minutos que ninguém ouvia até o fim. Um equilíbrio perfeito. Até que, um dia, ela chegou. Uma arquivista de verdade. Uma mulher que acreditava piamente que "Arquivistas Anônimos" era um espaço de debates acadêmicos, troca de referências bibliográficas e discussões emocionantes sobre a normatização de pastas suspensas. Ela entrou no grupo com um sonoro: — Boa tarde, colegas! Gostaria de compartilhar um artigo fascinante sobre a gestão documental no século XIX! O silêncio no grupo foi tão pesado que até o Wi-Fi travou. Os cinco amigos arquivistas (mas não arquivistas de coração) se olharam através d...