O Tyler sempre tem ideias úteis...






por Chuck Palhniuk




O primeiro clube da luta éramos apenas Tyler e eu, batendo um no outro. Antes, se eu chegasse em casa nervoso, vendo que a vida não estava de acordo com meus planos, bastava limpar o apartamento ou lustrar o carro. Um dia eu morreria sem nenhuma cicatriz e deixaria um apartamento e um carro muito bons. Muito bons mesmo, até juntar poeira ou mudar de dono. Nada é estático. Até a Mona Lisa está se desintegrando. Desde que o Clube da Luta começou tenho metade dos dentes moles na boca. Me destruo cada vez mais no Clube da Luta, porém agora eu finalmente me sinto vivo, a minha 'desgraça' estava me fazendo viver. O auto-aperfeiçoameno talvez não seja a solução. A solução talvez seja a autodestruição.

...

E então, como vai a Marla?                                                                                                                          - Pelo menos ela está tentando ir fundo. -responde Tyler
Tyler diz que ainda nem cheguei perto do fundo. E se não levar alguns tombos pelo caminho, não serei salvo. Aconteceu isso com Jesus na tal de crucificação. Não basta abrir mão de dinheiro, bens materiais e conhecimentos. Não é um mero retiro de fim de semana. Eu devia esquecer a autoperfeição e perseguir a desgraça. Não podia mais ficar brincando de salvação.
Isto não é um seminário. 
- Se você não tiver coragem de bater no fundo, não vai conseguir — diz Tyler.
Só se pode ressuscitar depois do desastre.
- Só depois de perder tudo você vai fazer o que quiser — continua Tyler.
Eu pergunto: estou ao menos próximo do fundo?
- Onde você está agora, não consegue nem imaginar onde é o fundo.



Trecho do livro: "Clube da Luta"

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