RSS

3:45 AM







vomitado por christian palmer

O relógio em cima da cômoda do quarto marcava 3:45 da madrugada. Sabia que seria uma daquelas noites que só pegaria no sono ao nascer do sol. Levantou-se, foi até a cozinha e preparou um chá de camomila, aquilo o tranquilizava, ajudava a limpar a mente - mas não dessa vez.

Deitou-se no sofá, ligou a televisão, não para assistir, pela companhia apenas. Abriu a janela e apreciou o vento que fazia balançar a árvore que mora em sua ventana (uma Léia Verde, uma coccinea, da família das uvas utilizadas para fazer vinho). Aos poucos fora bebendo o chá, e cada gole que tomava revisitava uma antiga memória. 

Deu um gole no chá:  olhou a mesa vazia, onde outrora fizera um jantar à luz de velas, ao lado de uma companhia agradável, sorriu. 

Quão brega eu consigo ser, era engraçado ser brega - pensou!

Outro gole daquele chá mágico: percebeu que a bexiga tava cheia, foi ao banheiro, e admirando aquele micro boxe ficou imaginando como era possível que dois corpos coubessem ali. Mas cabiam, ele sabia, já tinha feito a prova dos nove. 

Voltou à sala, deu outro gole no chá e foi ao quarto pegar uma coberta, sentia frio, e ao mirar a cama vazia, lembrou-se de quando ali havia um outro corpo que lhe aquecia. 

Voltou ao sofá, outro gole: decidiu pegar os fones de ouvido e colocar algo para ouvir no Spotify. Passando pelas diversas playlists, deparou-se com uma que fora feita ao lado de alguém que por muitas vezes declarou estar apaixonado. Embora tenha ficado tentado a ouvir, achou prudente não mergulhar naquelas lembranças às 4:30 da madrugada. 

Aquilo tudo o fez conjecturar falar com alguns de seus amigos botânicos para que eles estudassem essa nova propriedade da camomila, que o deixara mergulhado em nostalgias lancinantes.

CHEGA - falou para si mesmo!

Despejou o restante do chá na pia da cozinha. Pegou uma garrafa de vinho,  sentou-se no sofá e deu um grande e longo gole, no gargalo mesmo. Afinal, achava muito esnobe tomar uma "taça de vinho". Como se fosse mágica, todos os seus pensamentos se dissolveram, desapareceram. Desejou apenas ver o sol nascer. Sorriu sem saber o porquê.

Sou um crápula. O mundo lá fora morrendo e eu aqui dentro de casa, sorrindo. - disse isso e adormeceu!












  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário