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João Cabral

um poema



Meus olhos têm telescópios
espiando a rua,
espiando a minha alma
longe de mim mil metros

Mulheres vão e vêm nadando
em rios invisíveis.
Automóveis como peixes cegos
compõem minhas visões mecânicas.

Há vinte anos não digo a palavra
que sempre espero de mim.
Ficarei indefinidamente contemplando
meu retrato, eu morto.






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1 comentários:

Dave Bowman disse...

Grande poema, grande seleção! Fechou!

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