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Quando o nosso Cisne Negro nos mata!





Cuspido por Christian Palmer


Olhar pro futuro sem saber se estará vivo para vivê-lo, me dá medo. Há quem diga que essa é graça da vida. Porque isso te faz viver intensamente. É o que dizem. Papo furado - digo eu.  Quando criança, não teria medo algum em andar numa roda gigante em um parque clandestino. Hoje, por medo, não andaria na roda gigante do parque dito mais seguro do mundo. Não sei para vocês, mas para mim não há graça alguma saber que a vida é tão efêmera quanto um jogo de futebol - ou algo do tipo. A proximidade do fim é algo assustador,  nada engraçado.

No entanto, lembrar o passado não é assustador. É engraçado, tá certo que por vezes é triste também. Lembrar... Lembrar que antes eu só vestia preto, que antes eu acreditava em deus, que antes eu era, hoje não sou mais. Mudar? Mudei, vocês também. Como diz o poeta: “Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.” Outro dia assisti um filme muito bom, me fez refletir a respeito dessas mudanças, fez-me ver que para cada mudança dessa nós morremos, que só dá para mudar – que só conseguimos mudar - quando nos matamos.

O Filme? O Cisne Negro. Indicação da minha Professora, Esmeralda Porfírio. Ele narra a trajetória de uma bailarina, Natalie Portman (lindíssima, perfeitíssima, brilhantíssima... e tudo íssima, Natalie Portman). Ela foi escolhida, dentre as outras bailarinas da companhia à qual pertence, para interpretar tanto o cisne negro, como o cisne branco, que são irmãs gêmeas em “O Lago dos Cisnes”. Nina (Portman) tem muita facilidade em atuar como Cisne Branco, que é meiga, inocente e graciosa, tal qual à bailarina. Contudo, apresenta sérias dificuldades em "vestir-se" como Cisne Negro, que simboliza a ira, a inveja, a sedução e o desejo - sentimentos que Nina reprimia dentro de si.

Enfim, com o desenrolar da história, por não suportar o fato de seu grande amor ter se apaixonado por sua irmã Negra, o Cisne Branco acaba se matando . Essa é a versão mostrada no palco, atrás das cortinas o Cisne Negro mata o Cisne Branco, antes da metade do espetáculo. Esse é o ponto “X” da trama, pois a partir desse momento a bailarina consegue se entregar de corpo e alma ao Cisne Negro (vale dizer que a cena de Portman dançando o Cisne Negro é uma das mais lindas que eu já vi). Mas isso só foi possível, pois ela se matou. O "se matar", nesse caso simboliza o fato dela se permitir, ou melhor, dela deixar de se reprimir. Com isso, Nina foi capaz de mudar a sua natureza, então pura, tornando-se negra. Mas para tal, o suicídio foi fundamental.

Bem, se não entendi errado o filme, essa é a ideia: que mudar é possível. Todavia, só é possível mudar quando o nosso lado negro - quando o nosso Cisne Negro - mata o nosso lado puro - mata o nosso Cisne branco. Vice-versa. Fez minha cabeça. E, por fim, novamente cito o poeta: “muda... que quando a mente muda a gente anda pra frente” “a gente muda o mundo na mudança da mente”!

Bem, era isso que tava engasgado!

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12 comentários:

Jéssica Golzio disse...

ai Chris, me lembrei que um dia fui cristã também, não usava preto, não apenas, mas era do contra. Mudar é preciso!

Seu Chris disse...

Mudar é a umas das, poucas, coisas boas da vida!

Briggida Lourenço disse...

Enfim mudar também é difícil, sofrível e aceitação quase sempre complicada, tanto nossa, como da nossa sociedade. Será que somos o que queremos set ou o que querem que sejamos? Enfim, um dia sou o cisne branco, mas lá no ombro direito o cisne negro vive a perturbar a calmaria.

Briggida Lourenço disse...

Enfim mudar também é difícil, sofrível e aceitação quase sempre complicada, tanto nossa, como da nossa sociedade. Será que somos o que queremos set ou o que querem que sejamos? Enfim, um dia sou o cisne branco, mas lá no ombro direito o cisne negro vive a perturbar a calmaria.

Seu Chris disse...

As coisas difíceis, na maiorias das vezes, são as mais legais. Talvez por ser difícil de acontecer, a expectativa por acontecer, faz com que nos pensemos que seja legal. Olha ai, talvez nem seja a mudança em si, mas a expectativa!

Mayara disse...

Filme brilhante, post legal... Me fez lembrar o quanto eu mudei o quanto é difícil mudar, e que se estamos fadados a um destino certo (a morte) temos mesmo que nos permitir mudar.

Dayse disse...

Não sei se foi intencional, ou só fluiu, mas uma coisa foi bem colocada (talvez intrinsecamente), que é a mudança não para o 'lado negro da força', mas o que importa é a mudança em si.

Dayse disse...

Deixa eu te perguntar uma coisa... o cisne negro, naturalmente é raro, e o branco é mais comum. Ou seja, é mais difícil de se encontrar... Tu acha que isso explica alguma coisa? Não só no filme, mas na peça principalmente. Ou a cor é simplesmente pra mostrar o bem e o mal?

Seu Chris disse...

eu nao vejo como bem e mal, eu vejo como inocência e pecado. Realmente um caisa dificil de se encontrar, mas no sentido de que a bailarina so conhecia o seu lado inocente, dificil nesse sentido, pois ela pensava não ter um lado pecaminoso, quando na verdade tinha. Todos temos os dois lado, penso eu. Talvez o filme venda a ideia de que temos que saber a hora de escolher um dos dois e que so dá pra fazer isso se matarmos, temporariamente talvez, o outro lado!

Dayse disse...

a dificuldade pode ser na disposição ou coragem de procurar um outro lado que possa fazer mais sentido. Já que o cisne branco vive no paradigma de que a inocência dá a segurança. E eu falo bem e mal, não pra gente, que é espectador, mas pra o próprio cisne branco, entende?

Seu Chris disse...

Entendo. Mas veja, o cisne branco so pode ser o cisne branco. Como diz Rita Lee: " o buraco é mais embaixo", o problema ta na pessoa ser apenas o cisne branco, que era o caso da personagem da Portman, ser a inocente, a meiga pode ate ser, intrinsecamente, algo bom (do bem), mas ser o tempo todo assim pode torna-se algo ruim lhe trazer mal. Ou seja, ser o cisne negro tambem é necessário, ou melhor, saber alterar entre um e outro é necessário. E era essa alternância que a personagem nao conseguia fazer! Nesse ponto, é bem como você disse que é difícil ter coragem, ou entendimento, pra ver que o outro lado em determinado momento é melhor do que esse no qual estamos "interpretando" agora!

Dayse disse...

Então a conclusão é que além de se ter de saber onde está e o que é esse outro 'eu', é preciso ter a coragem e se dispor a mudar, e ainda ter a desenvoltura de ser maleável entre esses dois ou vários (quem sabe?) 'eu'! Como e difícil viver.

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