Trepei com o absurdo: ou Camus feat Bukowski

Trepei com o absurdo: ou Camus feat Bukowski vomitado por Christian Palmer O relógio marcava 3h08 da madrugada — nem noite, nem dia, só o horário em que os bares desistiram de você, todos. Queria fumar, mas só encontrou uma barata. Matou com a mão mesmo. Meursault era tido como um homem frio — era o vazio por decreto próprio. Um estrangeiro sem pátria, um imigrante até dentro de si. O sol queimava, as pessoas falavam, os dias passavam, e ele assistia a tudo como quem olha pela janela de um trem em movimento: interessado o suficiente para não pular, mas nunca o bastante para descer. Então, ouviu uma voz gritar. A porta abriu antes dele responder. Era ela: Cass. Uma mulher bela como um tsunami de álcool e ódio — intensa, indesejada e autodestrutiva. Odiava a sua beleza, pois sabia: era a única coisa que os idiotas viam nela. Os olhos dela tinham o poder de devorar almas e cuspia veneno com a língua. Ela não transava, não fazia amor — fazia autópsia. Nunca encontrava, mas não desist...