UMA DOSE DE PERDIÇÃO
Uma dose de perdição
Às vezes, um gole é o atalho para dentro de si.
vomitado por Christian Palmer
Se perder é tipo exagerar na dose de cachaça.
É divertido. Um gole aqui, outro ali: tudo bem, está sob controle. Mais uma dose, por favor!
O riso ecoa, verdades são cuspidas. Tudo faz sentido. Por um instante, a vida vira festa — mesmo que o som esteja ruim.
Na manha seguinte, vem a ressaca. A cabeça dói, o estômago reclama, e, enquanto cospe verdades que não sabia que guardava na privada, você começa a lembrar das escolhas da noite passada, e se vê forçado a encarar os excessos ou a falta deles. Depois, a vergonha misturada com lucidez nos faz pensar:
“Nunca mais eu bebo de novo!”
Mas ressaca não é mero castigo — é reflexão. É onde percebemos que, por estarmos cansados de ser quem éramos ontem, decidimos, ainda meio cambaleantes — afinal, o álcool demora a evaporar de nossas veias — buscar uma nova versão de nós mesmos.
É nesse momento que a gente se reencontra. Não do mesmo jeito, claro. Um pouco mais calejado, mais calado, talvez com menos ilusões — renovados.
No fim, é isso: tem gente que se acha no templo, outros no bar. O importante é mudar (se perder) — ressaca é consequência, um preço pequeno a se pagar. Ou como bem poderia dizer Bukowski:
“Ressaca é renascer após o suicídio da noite anterior.”
Talvez eu esteja pronto para me matar de novo, afinal ainda tenho mil vidas para viver.
Oh, garçom, traga outra - ainda me resta umas vidas extras, acho!
A dose chegou, o gelo derretia rápido demais - igual minha última promessa de parar.
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