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Sentimentos em um momento de pandemia!!


Vomitado por Christian Palmer


Ha tempos não tenho regurgitado por aqui, mesmo estando há tempos querendo fazê-lo.

O estrangeiro, livro de Albert Camus, é um dos meus livros preferidos, isso se não for o preferido. E ele o é por um motivo que talvez seja diferente daquele que o Camus desejaria que fosse ao escrevê-lo.

No livro é retratado um protagonista que consegue ser alheio a tudo. As coisas não lhe afetam como afetariam "pessoas normais", é quase como se ele não se importasse, mas é um erro pensar assim, pois ele sente sim: sente as relações,  os acontecimentos, as idas e vindas. Apenas tudo lhe atinge de um jeito que tudo para ele, por conta de sua visão de mundo, o faz compreender e aceitar que tudo inexoravelmente aconteceria, de uma forma ou de outra. Por isso, ele consegue reagir aos fatos de um forma que se vista superficialmente, pareça ser fria. Assim, ele não chora os acontecidos. Isso acaba fazendo dele um completo estranho no mundo em que vive, um ESTRANGEIRO.

E, diferentemente dele, especialmente de pouco tempo para cá, as coisas têm me afetado de uma forma como nunca antes. É horrível sentir, na verdade. Só quem sente sabe. Sobretudo nesse momento atual em que estamos sendo acometidos por esse vírus apocalíptico, que por si só já seria suficiente para nos dá medo, angústia, sofrimento e nos causar dor.  Mas não bastasse isso, ainda somos bombardeados de seres nefastos que insistem em negar e ainda vem com discurso de "e dai?". E outras tantas que influenciadas por estes, não conseguem entender a gravidade do momento atual e acabam quebrando a corrente do bem que deveria está sendo formada agora, irritante para dizer o mínimo do mínimo. E quando os que quebram a corrente são aqueles que mais temos apreço? é pior ainda. Mais uma vez digo: sentir dói, só quem sente, sabe!

Por isso, "O estrangeiro" é o livro que guardo com mais carinho na minha estante e mente, pois em momentos como o que vivemos, a forma como Mersault, protagonista do livro,  vive a vida dele é muito tentadora.

"Ah! Como eu queria ser o Mersault, porque diabos não consigo sê-lo!?!?"

Contudo o jeito de ser de Mersault trouxe a ele enormes e horríveis consequências. Talvez pelo o mundo não estar preparado para tal, ou porque, de fato, não seja adequado viver assim. Mas a verdade é que Camus, propositalmente ou não, nos mostra que ser Mersault é deveras terrível. Afinal, se ele não chora os acontecidos, ele tampouco sorrir.

Assim, começo o livro me martirizando e desejando ser Mersault, mas ao cabo percebo que não é errado (muito menos certo) ser e agir assim, sentindo as coisas que acontecem ao meu redor (às vezes, intensamente demais). Sentir não é errado, mesmo doendo tanto, de quando em quando.

E, por fim, tenho fé, mas não num deus, muito menos num mito. Fé de que sejamos todos acometidos, neste momento, de uma grande e generalizada onda de consciência social, que saibamos entender que mesmo o mundo sendo um verdadeiro rio de lágrimas, respeitar a vida do outro e a nossa própria é o que devemos fazer. Pois viver, na minha humilde opinião, é a escolha certa a ser tomada.


PS: Se me permitem fazer alusão a um outro livro: Ultimamente, tenho me sentido tal qual o velho pescador Santiago em "o velho e o mar", que para me "provar" tive (tenho) que adentrar no alto mar, para brigar contra um peixe colossal, por dias. Somente eu, meu barco, uma linha e um anzol: para no fim, tendo fisgado o peixe ou não, não saber quem venceu a batalha: eu, o peixe colossal, ou tubarões que cercavam meu pequeno barco.

PS 2: desculpe-me não ser tão bom em analogias quanto um certo mito ai.














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