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Um sonho de sequoia


Sequoia National Park


vomitado por christian palmer



Querido diário

Hoje tá completando… para falar a verdade, diário, nem lembro mais quanto dias já se passaram. Há tempos não venho aqui falar com você, será que você ainda lembra que eu existo?

Engraçado isso, não sinto mais necessidade de coisas que antes não conseguia viver sem. Meus pares de sapatos, para quê? Aqueles vestidos, que muito antes disso tudo eu já não os usava, nem lembro se cheguei a usá-los, qual a razão deles? O batom e o blush, nem lembro mais como se usa. Os anéis, os brincos, as pulseiras, os livros lidos que nunca mais os lerei de novo; por que tantos perfumes? Percebo que não necessito deles mais. Pergunto-me se de fato algum dia cheguei verdadeiramente precisar, será? 

Mas de você, querido diário, eu senti falta. Minha ausência de você, por motivos que não sei explicar, me doía o coração. Como agora me dói a falta de presença nesta casa. Logo eu, diário, que sempre gostei de ser sozinha.

Ainda bem que tenho as músicas, tenho as histórias não lidas e as não contadas, tenho um mundo de possibilidades na palma da minha mão... e tenho você, querido diário para me fazer companhia e atenuar essa dor pungente.

Você bem sabe, diário,  que eu amo mais aqueles segundos que antecedem um fato marcante do que o fato em si. A troca de olhares no instante antes do primeiro beijo acontecer; o frio na barriga no exato momento anterior ao dizer “eu te amo”; aquela lágrima no milésimo de segundo anterior ao dizer: acabou. 

Levei a minha vida toda ansiando por estes segundos que antecedem a tudo, para mim, não há nada mais visceral de ser experienciado do que o “momento antes de qualquer coisa acontecer”. Por isso, diário, hoje não anseio que tudo volte ao normal, mas aguardo ansiosamente para sentir visceralmente o segundo que irá anteceder isso. 

Afinal, o normal que me transveste de necessidades desnecessárias, não me apetece. Mais do que nunca sei disso. Sei que preciso focar nas coisas importante, como, por exemplo, admirar as sequoias. Sim, as sequoias. Os seres mais magnanimes que habitam o mundo. Quero um dia poder ver e tocar uma, que sabem escalá-la. E ao admirá-la, ter certeza da insignificância da existência humana. 

Lembro-me criança, querido diário, dizendo-te que quando crescesse queria ser uma sequoia, lembra? Pois bem, diário, hoje sou crescida, não consegui ser uma sequoia, resta-me agora desejar que na minha próxima vida, eu consiga ser uma. Não custa sonhar, né?









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Dominical




Vomitado por Christian Palmer

Ao abrir os olhos percebeu a escuridão que ainda habitava o quarto. Pensou ser de madrugada, como estava com sono, resolveu voltar a dormir. Algum tempo depois, tornou a abrir os olhos e a escuridão lá permanecia. Teve vontade de ir ao banheiro e fome: assim, mesmo sendo de madrugada, resolveu levantar-se.

Foi ao banheiro, preparou o seu café com canela e fritou uns ovos como de costume. Passado algum tempo percebeu que até então não tinha olhado a hora, mas lhe parecia ser umas 8 da manhã. O que na verdade não importava, fazia uns 3 meses ou mais (talvez menos um pouco) que as horas não eram relevantes. Contudo, tinha o hábito de fazer apostas consigo mesmo.

- Se eu tiver acertado a hora, não irei lavar a louça agora, do contrário lavarei!!!

Então, pegou o celular e se surpreendeu...

- 13h30??? Como assim? Quantos horas eu dormi? - indagou-se em vão!

Não conseguia lembrar que horas tinha ido para cama, tampouco quanto tempo levou para pegar no sono. Afinal, aqueles foram dias em que o sono estava muito fugidio, nunca fora tão difícil dormir. Às vezes, era salvo pelo álcool.

- É impossível ficar sóbrio nesses dias escuros, principalmente em noites insones - refletiu

Como perdeu a aposta para si mesmo, e por ser um homem de palavra, fez o que lhe cabia: lavou a louça e ainda estendeu as roupas. Foi quando…

- Que dia é hoje? Parece domingo, né? - perguntou a si mesmo.

Nos últimos 3 meses tem sido assim, todos os dias pareciam ser domingo. E ele sempre odiou os domingos, sem saber o porquê, apenas acreditava que seria melhor extinguir tal dia dos calendários.

Agora mais do que nunca detestava os domingos: o vazio, o enclausuramento, a vontade de ser livre.

- Quantos domingos ainda restam para que tudo isso passe?

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Paisagem da janela!




vomitado por christian palmer


O sofá era pequeno, mal cabiam ali. Mesmo assim, não havia reduto melhor naquela casa. Passavam horas lá, deitados um nos braços do outro. A TV ligada ao lado, não assistiam, servia-lhes apenas como iluminação, pois apesar de gostarem do escuro, não queriam o breu total. Queriam se ver minimamente, admirar o outro, ter certeza que os braços que lhes abraçavam pertenciam a pessoa certa.


A janela... ahhh a janela! Esta sim era a verdadeira TV, principalmente em noites de lua cheia. Não havia filme, novela ou série mais bela e/ou empolgante do que ver e ser visto pela lua. Ali, só os dois e o silêncio da TV no mudo. Admiravam-na, a lua, enquanto ela estava visível. E como bons amantes que eram, amavam-se longamente. Por vezes, escutavam mentalmente Os Paralamas do Sucesso:


"Tendo a lua aquela gravidade 
aonde o homem flutua. 
Merecia a visita não de militares, 
mas de bailarinos e de você e eu."


Tudo parecia encaixar, os dias já não eram chatos, nem as noites solitárias. Tal qual os clichês, sentiam-se um só. Mas a verdade é que esse sentimento de unidade veio como um prelúdio do fim. É como costumam dizer: os cisnes sempre cantam a mais bela canção antes de morrer. E assim aconteceu: morreram como unidade, voltaram a ser dois.


De lá para cá o mundo também mudou, não é mais possível haver proximidade. Parece até que foi um castigo por terem acabado algo tão belo. Besteira, é ousadia demais imaginar isso. Porém, o fato é que aquelas doses diárias de sentimentos inexplicavelmente bons, não existem mais. O tempo transformou tudo em memórias.

  
Hoje, ao relembrarem, parecem-lhes tão distante aqueles dias que já não têm mais tanta certeza se tudo existiu ou se foi apenas um sonho. Será?

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Alvorecer



vomitado por christian palmer


A chuva que veio do nada, persiste em cair
Sinto o cheiro dela misturado ao cheiro do café, será o vizinho de cima?
Isso me deixa incomodado, esse cheiro, não o da chuva, o do café que não posso beber
Minha garrafa está vazia, e o frio me impede de levantar e preparar mais.

O vidro na janela está a soar, são os pingos da chuva que ainda continua a cair.
Sono, cade você? Não dá para viver sem você.
Que falta fazes.

Gostaria tanto de ter aqui, porque me abandonastes?
Desejo sonhar com o cheiro do café, não o do vizinho de cima.
Você não vem, não está mais aqui.

Fico, então, a pensar na falta das coisas que não tenho mais
Sinto a falta das músicas, falta do sofá, falta do calor... a falta do café
Tudo isso porque você me falta, sono!
Acho que você tá chegando, logo agora que gostaria de ver o alvorecer, miserável!

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AMOR?


vomitado por Christian Palmer



Ah!! e o amor?

Acho que o amor reside em um conjunto de acasos e num tanto de coincidências. É quase como ganhar na loteria, só que ao invés de termos de acertar os 6 números da mega sena, precisamos estar lá quando o conjunto de acasos e coincidências acontecerem, do contrário não veremos os planetas se alinharem, e ai puuumm!!! não encontraremos o amor.

O amor, então, é quase impossível, afinal, quase ninguém acerta os 6 números da mega-sena. Se fosse um filme, seria um daqueles com finais tristes, pois não bastasse ter que ser sortudo o suficiente pra estar no local certo e na hora certa, ainda temos que lidar com o fim do amor, porque como tudo que tem começo, também tem fim. E ao final nos resta o choro e a tristeza.

E pra onde o amor vai quando o amor acaba? Talvez eu tenha me expressado errado, não acredito que o amor acabe, acredito que, na real, o amor se transfira. O amor é um ser alienígena que para existir precisa entrar em alguém e viver em simbiose, sugando até não restar mais nada, dai se transfere para outra pessoa. Nos obrigando a buscá-lo novamente. Uma nova, cansativa e estressante busca. E mesmo que nós não queiramos mais experimentar este ópio que é o amor, estaremos fadados a buscá-lo, sempre, pois quando menos esperamos, pow, lá está o novo amor da nossa vida. E o ciclo se repete (in)felizmente.

Chega até a ser estranho colocarem o amor no patamar de sentimento bom, como pode algo que ao fim nos dará tristeza ser algo bom. Não há nada mais antagônico que o amor, nos dá razão para viver, ao passo que lentamente nos mata. Um bocado de felicidade transvestido de tristeza. Como diria o poeta: amor é uma monstruosidade, um delírio. Dá fome: ama-me ou devoro-te. É violência, queria que você soubesse que é extremamente violento você existir, AMOR!


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Um conto de pós-horror




Vomitado por Christian Palmer e Dayse Leone


Era um domingo, o tempo estava fechado, tinha acordado cedo pra a viagem, estava cansada e o clima me deixara com frio. Não consigo ter certeza se era o clima daquele domingo nublado ou se era o clima do sítio que meu pai acabara de comprar, e onde faria uma festa para nossos familiares.

Tinha pouco menos de 12 anos, ou um pouco mais. A essa altura já não consigo precisar a idade ao certo. Mas lembro que quase todos nossos familiares estavam presentes. Eles eram muitos, viviam espalhados por todo o país, o que dificultava o nosso reencontro. Antes daquela festa, não consigo me lembrar a última vez que nos reuníamos daquele jeito. E isso me deixava animada, principalmente com a Tia Malu, ela acabara de ter uma filha. Linda. Mas parecia, ao menos para mim, que estava sempre fazendo xixi ou cocô.

- Ana!! - Chamou a tia Malu - Por favor, vá lá dentro pegar uma fralda, meu amor!!

A essa altura, todos já estavam reunidos confraternizando e comendo do lado de fora da casa. A festa estava a todo vapor. Prontamente adentrei a casa para atender o pedido de minha tia. Até então não havia reparado como tudo naquela casa me parecia grande, as chaves me pareciam enormes. Acho que proporcional ao tamanho das portas, enormes portas, e janelas também, todas pintadas de azul. Recordo-me de vez ou outra abrir uma das janelas, a que dava de frente para uma capela, e ficar a tarde toda sentada na beirada da janela, de tão grandes que elas eram.

Outra coisa que me parecia grande naquele momento, era o silêncio que fazia dentro de casa, apesar de todo o barulho que se estava fazendo do lado de fora. No momento que notei o silêncio que fazia, pensei: as paredes devem ser largas e grandes aqui, por isso não faz barulho algum. E prossegui até o quarto que meu pai reservara para guardar os pertences dos convidados. 

 Assim que abri a porta, o quarto estava escuro, com a janela fechada, percebi que havia alguém dormindo sobre a cama, um senhor muito velhinho. Talvez algum parente distante que eu não reconheci no momento. Em respeito ao sono desse senhorzinho, tive o máximo de cautela que pude para não fazer barulho algum que o acordasse. Peguei a fralda na mochila de minha tia e ao sair do quarto, sorrateiramente, envolta aquele silêncio ensurdecedor, me assustei.


- Tia!!! - dei um grito abafado!



- Que demora, achei que não tivesse encontrado. Aproveitar que tô aqui e vou pegar o sabonete e a toalha pra dá um banhozinho nela.



-  Certo. Sem fazer barulho, tia, tem um senhor dormindo aí.


Então, ao entrar no quarto, Tia Malu percebeu algo:


- Ana, não tem ninguém aqui.



- Não é possível....


     Até hoje ninguém nunca conseguiu me explicar o que aconteceu naquele dia, mas a verdade é que eu nunca mais gostei do silêncio, tampouco tive coragem de entrar naquele quarto novamente sozinha.


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Sobre punhetinhas e conversas com Claudete





Vomitado pelo meu eu-lírico e por Claudete


- Mas é assim mesmo, cara - falou a amiga que também é de câncer, e dá certo valor a astrologia - Nós temos dessas coisas, os sentimentos são mais aflorados em nós. Por isso, relações casuais não nos fazem muito sentido.

Começaram falando sobre coisas sem sentido, por exemplo:

-  Se a pessoa te chama no zap pra te falar sobre a lua, ela ta afim de você?
- Não apenasmente significa que ela tá afim de você, como evidencia o fato dela, na verdade, tá querendo ter filhos contigo.
- Eita, será!?
- Sim, tá bíblia, olha lá!

E assim a conversa continuou. Com assuntos diversos, uns importantes, outros mais ainda. Como o assunto do primeiro parágrafo. Quando eles estavam falando como, para eles, rolar um sentimento é mais importante do que o sexo por sexo.
Mas não que eles recriminassem quem o fazia, inclusive, admitiram, ambos, que já o fizeram, mesmo após a decepção de “nenhuma vez foi legal pra mim”, mas mesmo assim continuavam a fazer, de quando em quando.E todas as promessas que fizeram a si mesmo de que não fariam de novo, tornaram-se vãs.

- Teve uma vez, Claudete, que fui ficar com alguém, fui à casa dela.

[PAUSE]

O truque é nunca trazer pra sua casa, pois se, por qualquer motivo o sentimento não rolar e a vontade não vir, simplesmente dá-se uma desculpa e vai embora. Isso é melhor, segundo ele, do que mandar a pessoa ir embora de sua casa.

[PLAY]

- Sei...
- Só que eu não sei o que danado acontecia, ela beijava de uma forma muito estranha, ruim. E olha que, modestamente, sou mestre em fazer meu beijo encaixar. Mas… cara, não dava. Aí juntou o fato do beijo ser ruim, com o sentimento não ter rolado. Não teve outra, dei xau, chamei o uber e fui embora.
- Caraca, que situação constrangedora, coitada.
- Mas veja bem,  quando chegamos numa certa idade, não tem outra, só fazemos aquilo que estamos com vontade. Então, não tem quem me faça fazer algo que eu não quero. E outra: o clima não tava legal, corria até o risco de broxar, ou no máximo uma meia bomba, aí já viu!
- Por isso é importante ter um parceiro fixo - afirmou a amiga - Porque não corre o risco da pessoa bater a cabeça uma na outra, ou os dentes durante o beijo e ficar com raiva, simplesmente se sorri e a brincadeira continua.


[PAUSE]

Vale dizer que Claudete é uma pessoa bem antagônica. Clara das ideias e contrária das atitudes.
A pessoa de quem ela pedia opinião a respeito, era alguém que ela ficava (ou fica - não dá pra saber. Lembra que ela é contrária das atitudes!?)

- Um relacionamento saudável - afirmou a amiga- é aquele no qual um sai pra curtir uma noite sem o outro, e tudo bem, isso não afeta a relação.
- Concordo plenamente.

Mas por ser antagônica, ela ficou com raiva do chrush, a ponto de não o “querer” mais, justamente, pois:

-  Ai sexta-feira eu o chamei pra sair, fazer alguma coisa e tal. Mas ele não quis, disse que tava muito cansado. Ainda disse que se eu quisesse ir à casa dele, que eu poderia, mas que provavelmente ele dormiria  - enfurecidamente, falou a amiga.

- Mas, cara, poha, o que que tem? Cadê o “tudo bem, sair sem o companheiro e isso não afetar a relação” Pelo o amor de Anúbis, isso não é motivo pra não o querer mais, por favor.

Ou vocês acham que isso é motivo plausível?

[PLAY]

Voltando a história anterior…

-Tudo bem, concordo. Afinal eu sou desses que necessito de sentimento. Mas me diz uma coisa, vocês, mulheres, num ficam tipo: “Caralho, véi, o mesmo caralho de novo… putz!”?

- Puta, ficamos sim, é foda - respondeu na lata, a Claudete.

-Mas e ai? qual a solução? Acabar? Pular a cerca? Porque, falando por mim, acho uma ideia mó errada terminar uma relação por querer experimentar uma nova pessoa. Ou fazer algo escondido, e também por a perder a relação, e ainda correr o risco de rolar sentimento com a outra pessoa, e ai fuder ainda mais.

 - É tipo isso: ficar entre a cruz e a espada. Acho que não há expressão melhor para simbolizar. O ideal mesmo seria poder ficar com outras pessoas numa boa. Ter uma conversa franca com @ parceir@, a fim de aceitar esse tipo de solução. Ai não seria uma pulada de cerca, não concorda?

- Só que fode, pois é muito difícil encontrar quem tope algo assim e também é muito difícil ser alguém descolado o suficiente pra aceitar isso. Pra mim, é inconcebível chegar pra pessoa que to ficando e dizer: “vai lá, amor, chupar uma rola diferente, amanhã a gente pega um cineminha, beijos!” Poha, num dá né!?!?!?

- Kkkkkkkkkk, verdade - gargalhou amiga.

- Infelizmente, fomos condicionados a sermos monogâmicos, maldita igreja católica.

- Cada vez mais concluo que relacionamentos longos não são saudáveis.

- Verdade, Claudete, os relacionamentos e as transas casuais são os cânceres do século. O que me leva a crê que… o negócio é ficar na punhetinha mesmo!!!

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Sentimentos em um momento de pandemia!!


Vomitado por Christian Palmer


Ha tempos não tenho regurgitado por aqui, mesmo estando há tempos querendo fazê-lo.

O estrangeiro, livro de Albert Camus, é um dos meus livros preferidos, isso se não for o preferido. E ele o é por um motivo que talvez seja diferente daquele que o Camus desejaria que fosse ao escrevê-lo.

No livro é retratado um protagonista que consegue ser alheio a tudo. As coisas não lhe afetam como afetariam "pessoas normais", é quase como se ele não se importasse, mas é um erro pensar assim, pois ele sente sim: sente as relações,  os acontecimentos, as idas e vindas. Apenas tudo lhe atinge de um jeito que tudo para ele, por conta de sua visão de mundo, o faz compreender e aceitar que tudo inexoravelmente aconteceria, de uma forma ou de outra. Por isso, ele consegue reagir aos fatos de um forma que se vista superficialmente, pareça ser fria. Assim, ele não chora os acontecidos. Isso acaba fazendo dele um completo estranho no mundo em que vive, um ESTRANGEIRO.

E, diferentemente dele, especialmente de pouco tempo para cá, as coisas têm me afetado de uma forma como nunca antes. É horrível sentir, na verdade. Só quem sente sabe. Sobretudo nesse momento atual em que estamos sendo acometidos por esse vírus apocalíptico, que por si só já seria suficiente para nos dá medo, angústia, sofrimento e nos causar dor.  Mas não bastasse isso, ainda somos bombardeados de seres nefastos que insistem em negar e ainda vem com discurso de "e dai?". E outras tantas que influenciadas por estes, não conseguem entender a gravidade do momento atual e acabam quebrando a corrente do bem que deveria está sendo formada agora, irritante para dizer o mínimo do mínimo. E quando os que quebram a corrente são aqueles que mais temos apreço? é pior ainda. Mais uma vez digo: sentir dói, só quem sente, sabe!

Por isso, "O estrangeiro" é o livro que guardo com mais carinho na minha estante e mente, pois em momentos como o que vivemos, a forma como Mersault, protagonista do livro,  vive a vida dele é muito tentadora.

"Ah! Como eu queria ser o Mersault, porque diabos não consigo sê-lo!?!?"

Contudo o jeito de ser de Mersault trouxe a ele enormes e horríveis consequências. Talvez pelo o mundo não estar preparado para tal, ou porque, de fato, não seja adequado viver assim. Mas a verdade é que Camus, propositalmente ou não, nos mostra que ser Mersault é deveras terrível. Afinal, se ele não chora os acontecidos, ele tampouco sorrir.

Assim, começo o livro me martirizando e desejando ser Mersault, mas ao cabo percebo que não é errado (muito menos certo) ser e agir assim, sentindo as coisas que acontecem ao meu redor (às vezes, intensamente demais). Sentir não é errado, mesmo doendo tanto, de quando em quando.

E, por fim, tenho fé, mas não num deus, muito menos num mito. Fé de que sejamos todos acometidos, neste momento, de uma grande e generalizada onda de consciência social, que saibamos entender que mesmo o mundo sendo um verdadeiro rio de lágrimas, respeitar a vida do outro e a nossa própria é o que devemos fazer. Pois viver, na minha humilde opinião, é a escolha certa a ser tomada.


PS: Se me permitem fazer alusão a um outro livro: Ultimamente, tenho me sentido tal qual o velho pescador Santiago em "o velho e o mar", que para me "provar" tive (tenho) que adentrar no alto mar, para brigar contra um peixe colossal, por dias. Somente eu, meu barco, uma linha e um anzol: para no fim, tendo fisgado o peixe ou não, não saber quem venceu a batalha: eu, o peixe colossal, ou tubarões que cercavam meu pequeno barco.

PS 2: desculpe-me não ser tão bom em analogias quanto um certo mito ai.














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Sim, infelizmente, as nuvens não são de algodão, cara!


Não é algodão, muito menos doce. A vida, sim, é doce!






vomitado por Christian Palmer



Há quanto tempo.  Tudo de boas? Cansaram de meu interstício? Estava com uma ânsia muito forte, tive que vir aqui vomitar, não aguentei. Então, voltei, não sei por quanto tempo, mas tô aqui, qualquer coisa tamo ai.

Nesse meio tempo, muitas coisas mudaram, eu mudei. As pessoas ao meu redor mudaram, o mundo mudou. Acredito que vocês mudaram também, mudaram? Algumas (as mudanças) boas, muito boas, na verdade; outras ruins, ruins pra caramba, horríveis, uma pena!  Entretanto, necessárias, afinal de contas, de mudanças vivemos. Vivemos? De mudanças? Humm!! De que vivemos, afinal? A cada dia que se passa (passou desde a última vez), tenho pensado cada vez mais nisso. De que vivemos? Ilusões? Metas? Amores? Desamores? Sabores e dissabores? De antíteses, talvez, será? De uma miscelânea de um bocadinho de tudo? Ou de uma miscelânea de nada? (mais antíteses)

O nada me apetece, bem mais que o tudo, o nada é vazio (há quem acha isso ruim),porém  no vazio não temos cobranças, porque o vazio é o nada, e não há nada no nada, além do nada (nós). Isso me é libertador, não é para vocês? Mas, enfim, isso não vem ao caso, ou vem, sei lá!

Enfim, voltemos ao assunto - se é que saímos deles, saímos? - O que é viver? Supomos que este post é a vida, o que seria viver para nós? Eu diria que viver seria encontrar a resposta para: “o que é viver?” Então, digamos que a encontremos daqui até o fim desta humilde crônica. Ou seja, vivemos e agora, será que existe vida pós vida? (figurativamente, ta), lembrei de uma música:
“É tão chato chegar a um objetivo num instante”

Lembrei de duas músicas, na verdade:
“um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão”

De qualquer forma, acho muito mesquinho determinar o que é viver com um simples conceito, e, de repente, qualquer conceito é simples demais para definir o que é viver. Veja bem, viver e não vida. Então, precisamos, portanto, de mais de um conceito. Se lutar para alcançar objetivos não é capaz de sustentar em si o viver de alguém. O que mais, aliado a isso, poderia? Amar, talvez. Amor, galera, ta? Amor e não paixão. Se bem que paixão também é um bom por que para se viver.

Eu sei, eu sei! Vocês querem que eu explique a diferença. Bem, eu gosto de pensar que paixão, estar apaixonado é tal como uma tempestade, um furacão de categoria 5 (categoria máxima): intenso, forte, destruidor, sufocante. E amor é o que sobra depois que o furacão vai embora, não adianta pressa, vai demorar de qualquer jeito para se recuperar e se readaptar. Amor é a calmaria depois da tempestade, a paciência para se readaptar, pós furacão. Amor é marasmo (mas não precisa, necessariamente, sê-lo para sempre), e,se você está disposto a viver nesse marasmo, então é amor. Contudo, e se o amor acabar? (sim, amor acaba), e se a paixão não vier? (ela pode não chegar) Então não viveremos? 

Perguntas e mais perguntas, hein!!! Complicado!

Isso me faz pensar novamente no vazio. Explico. Tudo isso é conceito, conceito sobre algo. E conceito é hoje, mas não é amanha, é meu, mas não é seu (mas se for cientificamente provado? Ok, e se cientificamente amanha provarem que não é assim?). Penso que o que é, é hoje, amanhã e sempre. Conceito não é, a coisa em si é.

Amanhã, viver vai ser viver (conceituado ou não), pois viver é perene, conceitos a respeito não. Então, de repente, viver seja de fato uma miscelânea de tudo, entretanto, vejam bem, tudo é um conceito e conceito é nada, certo? Então, será que podemos dizer que viver é nada, é vazio!?!?!. Eu gosto da ideia, porque vazio é liberdade. Eu sou um nada, vivendo um absolutamente nada, legal, né? Eu acho!!!

Vendo por esse lado, liberdade assusta um pouco, né? Mas creio que é só uma questão de (re)adaptação, e (re)adaptação é amor, lembra? E o legal de amar a vida é que ora ela é marasmo, ora é tempestade e não precisamos nem forçar pra que seja assim: uma mudança constante, temos apenas que deixar rolar. Tá ai, viver, talvez, seja deixar rolar, ou não, sei lá. Quem sou eu para determinar isso?

E, para terminar, se é que termina, tem um filme que me mudou muito (olha ai as mudanças de novo), porém faz tempo que assisti a esse filme(e não me canso de reassistí-lo). Em determinado momento o protagonista fala, mais ou menos assim: “Porra, você quer morrer sem ter nenhuma cicatriz?” O filme em si mexeu muito comigo, mas especialmente essa frase. Passei dias pensando a respeito, na verdade, eu ainda penso e muuuuito nessa frase, e volta e meia me pego reflexivo: “Pô, será que hoje eu tenho cicatrizes suficientes para morrer em paz? Será que eu tenho cicatrizes?” E vocês? Têm cicatrizes? Suficientes? Se você morresse hoje, acharia que fez ou não o suficiente?

Seja o nada e tenha cicatrizes, garotinhos e garotinhas!! =D

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Teen: perdendo a virgindade.








descabaçado por Christian Palmer


A hora certa, o lugar certo, o momento certo, a coisa certa. Para quê? Para a primeira vez, para  ser perder a virgindade, ora bolas. Tirar o cabaço de nunca ter pulado de paraquedas, de ter pego uma onda, de cair andando de patins, primeira vez num rapel, desvirginar-se de (re)escrever no blog, de trepar também (por que não?)... primeira vez de repetidas vezes, repetidas vezes de tudo, menos de ir num rapel, ou coisas que remetam altura, ergh! 


Mas por que mesmo que tem que ser CERTO o momento, o lugar, a hora? Deixar rolar, diria, e se tiver que ser no momento, na hora, ou a coisa ERRADA, que seja, é só deixar rolar. Afinal, se pararmos para pensar um pouco: será que há mesmo um momento certo para se levar um tombo andando de patins? Ou para se pegar uma onda? Creio que não, basta ter onda, ou estar andando de patins. Ai fio, hummm, a hora é a hora, sem certo ou errado.


Pois, sobretudo, quando o tempo passa o que fica não é se foi o momento, ou hora,  ou coisa era certa ou errada; o que fica é: ter deixado ou não de sonhar com a onda e ter ido surfá-la, ou não; ou ter deixado ou não medo e/ou vergonha de levar um tombo andando de patins, privar de sentir a brisa tocar seu rosto enquanto se patina. Por fim, se reprimir ou se permitir? Eis a questão!

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Ser sem ser





Espirrado por Christian Palmer

Ser, na contemporaneidade, é algo bem difícil. Não acham? Eu provo.  Por exemplo, estes dias em uma conversa, eu disse que queria ser de Krishna. 

- Por quê? 
- Ah, sei lá, eu não sou nada e se for para ser, que seja de Krishna, porque pelo menos tem aquela música legal que Nando Reis gravou.
- Ah, bacana.

No entanto, uma amiga me convenceu do contrário, ela me explicou que os Krishna  acreditam em “casta”, tipo naquele livro "Admirável Mundo Novo" onde as pessoas nasciam destinadas a desenvolver um papel específico na sociedade, por exemplo, um agricultor era "moldado" a ser um agricultor desde a sua gestação, ai quando nascia era só fazia aquilo e só aquilo. Só que para os Krishna, um agricultor pobre, era agricultor pobre por vontade e decisão de Krishna e que Krishna o considerava menos que um empresário rico, por exemplo. Daí eu não quis mais de ser de Krishna, pois achei, digamos assim, feia essa ideia. 

Ai pensei, talvez eu devesse ser budista, mas a ideia de largar todos os meus bens materiais e imateriais para viver num mosteiro, também não me agrada muito.  - Já sei, vou ser cristão católico. Não pera, mas eu fiquei sabendo da existência de um Papa mulher, em sei lá quantos mil anos de existência, sem falar nos incontáveis casos de Padres abusando de criancinhas - Machista e pedófilo, não cultuo com essas coisas. 

- Que tal ser Cristão evangélico. Mas ai, também nunca soube de nenhuma mulher protagonizar um cargo "superior", machista também. Sem falar que pedir permissão a um pastor para fazer algo, também não me agrada nem um pouco. – Pastor, posso namorar aquela menina? Posso transar com ela? - É, não rola, deixa quieto.

Que tal ser Satanista? Não, não, muito complicado, matar galinha preta - não tenho coragem - fazer pentagramas - não sei desenhar - ter que assistir desenhos/animes/filmes com mensagens subliminares - isso até que é legal - mas daí vou ficar em falta com as outras duas e se for pra ser pela a metade, melhor não ser, porque ser hipócrita também não é legal.

Quem sabe ser niilista, acreditar que nada exista, que tudo não passa de conceitos, e conceitos só existem na consciência de quem os conhece, ou seja, no metafísico, e o metafísico é o deus dos conceitos e, assim como eles, também não  existe. - É, posso viver assim. Perai, se eu sou niilista eu não posso acreditar no niilismo, pois o niilismo é um conceito, logo, não existe. Difícil.

Então, o que eu vou ser? Acho melhor não ser. Isso mesmo. Vou ser ateu. Não há regras para sê-lo, eu não preciso seguir os preceitos de um livro escrito a não sei quantos anos, não preciso vestir terno e paletó para praticar boas ações, não vão precisar ameaçar queimar meu corpinho em um mármore em chamas para eu ter empatia para com os outros. Eu, inclusive, vou poder achar bonitinho o conceito panteísta, por exemplo, e mesmo assim vou continuar sendo ateu. Peraí, não posso ser ateu, pois ateu não tem coração - dizem -  " Amor é de Deus. Então, se você é ateu, como você ama?" "vish, ele é ateu. tsc! tsc!".

Desisto, definitivamente. Como dizia o poeta: "Ser ou não ser? Eis a questão". Eis a questão mesmo.




 

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Sorriam, vocês estão revoltados!










postado por Christian Palmer



Então galera, o Brasil tá vivendo um momento lindo de manifestações e revoltas –com sorrisos nos rostos -, todos dizem que o gigante acordou – ainda bem que não topei com ele, não saberia como reagir a tal encontro, afinal, não aprendi na escola, nem na Universidade, o que fazer diante de tal acontecimento, talvez porque o governo não tenha investido na educação como deveria, enfim.

Vim aqui para lhes mostrar que num lugar Melamediano, que fica logo ali, pertinho da gente, estar acontecendo algo muito legal, leiam:


De forma assertiva o novo governo decretou que a areia vale dinheiro, isto é, cada grão corresponde a um real. As notas de cinco serão substituídas por gotas d’água. As de dez por chamas (fósforo, isqueiro, etc.) e as de vinte por espirros. As de cinqüenta, uma tossida, e, finalmente, as de cem rais serão trocadas pelo ar.

Em outras palavras, estar na lama corresponde a seis reais. Uma gripe a plenos pulmões, cento e sessenta; e, finalmente, ninguém mais perderá tudo num incêndio: magnatas desfilarão com seus lança-chamas.

Um único inconveniente são as casas de câmbio que, não sabendo como se posicionar, têm gerado sucessivas confusões. Afinal, quantos dólares vale um grão? Quantos marcos cabem em uma gota? Quanto oxigênio em libras esterlinas?!

Problema deles. Para nós, esta é a vida que pedimos a Deus. Mais uma vez reitero meus parabéns às autoridades, que com sua sensibilidade estão fazendo do mundo um bom lugar para se viver.


E digo mais: não se preocupem com o capital internacional. Nunca souberam quanto vale um beijo, que a dignidade não tem preço, que dirá o valor de um homem.”



PS: Uma musiquinha para revoltar, ou sorrir, nem sei mais diferenciar. Também não sei se essa é a música certa, enfim...






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